quarta-feira, agosto 09, 2006

O BURACO


Pela primeira vez seguia por aquele caminho. Nunca havia me sentido seguro para entrar naquele mundo, mas dessa vez era diferente. A diferença era que eu tinha você pra me acompanhar. Então, fui atrás da felicidade. Eu ainda sentia medo.

Um dia percebi que o céu estava escurecendo, mas você demonstrava segurança pelo caminho e eu... Eu me sentia seguro. Até que o meu pé afundou muito rápido e levou todo o meu corpo para dentro de um buraco, um buraco muito fundo. Caí numa armadilha. Lá dentro o meu corpo doía, sangrava e eu chorava. Estava caído torto, lentamente, tentei me adaptar ao espaço minúsculo daquele lugar. Foi então que percebi que estava sozinho. Afundei naquela armadilha, mas você não. Gritei o seu nome bem alto. O buraco era fundo. Gritei o seu nome ainda mais alto. O buraco parecia não ter fim. Minha voz não devia estar chegando à superfície, pensei. Então continuei a gritar uma, duas, três, muitas vezes. Tentativas frustradas, pois você não conseguia me escutar, assim eu pensava.

Escureceu e com a noite veio uma forte chuva, continuei sozinho, chorando e sangrando. Não sei o quanto de sangue derramei ou o quanto de lágrimas chorei, só sei que... Na verdade eu não sei. Eu seguia os seus passos e de repente não mais. Chorei. A força da chuva trouxe muita água que, misturada com a terra, o sangue e as lágrimas, virava lama. Era muito sujo lá dentro, não agüentava mais me sentir tão poluído, parecia que o buraco iria desmoronar sobre minha cabeça e dali eu não sairia mais nunca porque eu já me sentia fraco pra gritar, pra te chamar. Minha voz não conseguia sair, era um mudo preso num outro mundo.

Não sei por quanto tempo fiquei preso naquele abismo sombrio, onde a solidão e o frio foram os meus únicos companheiros, só sei que num certo dia percebi a claridade do sol tomar conta daquele buraco e nesse instante vi minhas chances de escalar aquela parede de terra com a ajuda de raízes das árvores próximas. Reuni minhas forças, as ultimas reservas de força que eu tinha e me agarrei nelas. Consegui sair. Sorri. Como era boa a sensação de voltar. Sorri cansado, exausto. Sei que meu rosto parecia aliviado porque sim, eu me sentia aliviado, a salvo. Como é importante ter raízes por perto, pensei. Elas são mais seguras e se você olhar bem verá que tem sempre uma perto de você pra ajudar, sem pedir nada em troca. No fim, voltei pelo mesmo caminho com muitas marcas, dentro e fora de mim...

8 Comments:

Anonymous Anônimo said...

É... naum sei se falo do texto em si, ou do q o texto está falando, o q esta kerendo dizer...
Alias... pensando bem... não vou dizer mto aki... direi apenas q tombos e buracos são necessários para que a gente possa aprender que sozinho conseguimos, que temos a força, e q as raizes por perto são apenas para nos lembrar do q somos capazes.

Amo vc gatinho =)

8:17 PM  
Anonymous Anônimo said...

Olha o blog do Rafa ^^
Tinha um link no flog da Mah ... assim foi mais fácil chegar até aqui...rsss
Gostei mto do seu texto... realmente da pra sentir tudo aquilo q vc descreveu... sei bem como é... mas enfim =)
Mto legal seu blog!
Abraço!

9:24 PM  
Anonymous Anônimo said...

rafa, não há academia de ginástica, cabeleireiro, bronzeador ou tratamento de pele mais eficaz em deixar o ser humano absolutamente interessante do que as suas próprias marcas.

novamente, parabéns.

(o resto vai quando conversarmos pelo MSN. e há mesmo um resto.)

1:49 PM  
Blogger Mistikka said...

lindo texto, xuxu!
:*

e sim, sempre ha uma raíz!
ervas daninhas até tem raizes, imagina só uma linda planta...
:*

5:25 PM  
Anonymous Anônimo said...

Então...

E o mais legal de tudo sabe o que é? É vc sair do buraco, ver o sol nascer, sorrir por ter raízes na sua vida e esse sorriso não depender em nada da pessoa que vc achou que estaria fora do buraco esperando vc...

Fazendo a linha de Antônio poderia citar uma música que eu e vc gostamos muito, que significa um bocado pra mim:

"... old incisions refusing to stay
like the sun through the trees on a cloudy day..."

será toda semelhança mera coincidência?
bjos!!

6:23 AM  
Blogger Beatriz N. said...

Oi =)

Eeeeeeeeeeeee eu sou uma raiz eu sou uma raiz eu sou uma raiz... la la la la l ala

De que arvore será que eu sou raiz? Hum... alguma bem bonita =)... com deliciosos frutos... lindas folhas...e que fica nua no outono =D...eeeeeeeeee eu quero ficar nua... rs


Adorei o seu texto Mel... muito bem escrito... dá vontade de lê e lê e lê e lê e ai acaba... rs... Uma ótima analogia da vida =)

Beijo Mel

7:45 PM  
Blogger Beatriz N. said...

ahhhhh

Quando quiser falar sobre raizes, buracos e coisas... =)... eu to aqui

7:47 PM  
Blogger Beatriz N. said...

Escolhemos o mesmo modelo =)

7:55 PM  

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