quarta-feira, dezembro 13, 2006

Aquilo!



Sabe aquilo? É aquilo!
Pronto, eu tava pensando naquilo!

Eita, você vai confundir tudo agora... isso ainda não é aquilo, aquilo é outra coisa que não é isso. Entendeu?!

Ah, você quer que eu me explique melhor? Então ta!

Aquilo é aquela coisa que você diz não ter, mas que eu sei que você só ta escondendo aí dentro. Entendeu agora?

Ainda não?! =S


Ora, por favoorrrr!!!


[pic: Jovino C. Batista]
[fonte: olhares.com]

quarta-feira, dezembro 06, 2006

untitled


Estou me sentindo perdido. Às vezes, desmotivado. Quero desalojar incertezas constantes que trago no meu olhar. Mas para onde elas irão? Para um outro olhar que não o meu?


Meu copo está pela metade e a música está no fim. Vou repetir a dose e voltar o som. É tudo o que quero por enquanto... e só por enquanto.

foto: Rajko Mojgrad

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Longe do Amanhã


>> Saiu de casa torto. Calado. Apático a todas as luzes daquela cidade, daqueles carros que rondavam por ela tarde da noite. Seguiu em direção a lugar algum e se perguntava quem mais estaria tomando aquele mesmo rumo desconhecido. Sentiu falta do tênis, havia saído descalço, os pés já reclamavam do caminho, da calçada, do asfalto, do frio. Chorava. Calado.
Teve o azar de encontrar no meio do caminho um conhecido. Alguém que não queria encontrar, pois não estava para conversas. Ele o parou e perguntou se estava tudo bem, o por quê de estar na rua, descalço, àquela hora. Eram perguntas que o faziam sofrer, pensar. Lembrar. Não disse nada, passou pelo conhecido e continuou a andar. Resolveu que não era um bom momento para falar da sua vida, do seu intimo. Desejava não ter que conviver com aquela dor. Sofrimento.
>> Enfim chegou a um lugar que trazia boas lembranças. A praia era um lugar que gostava de freqüentar. Nesse mesmo dia, pela manhã, havia tomado banho de mar, naquele mar. O dia que começou de forma muito boa, com um bom mergulho sob as ondas, acabaria como um dos piores de sua vida ou ainda como sendo o ultimo. Chorou ainda mais por recordar de como começara aquele dia. Por fim, sentou cansado na areia úmida, no lugar que as ondas deslizavam vagarosamente, com os pés já molhados pela água fria. Sentiu molhar sua calça e então lembrou de tirar algo importante, era uma foto. Pôs a mão num dos bolsos e encontrou o retrato. Nele identificou um sorriso perfeito estampado num rosto alegre e juvenil. Era o seu rosto e o seu sorriso, era ele quem estava naquela fotografia. A representação da sua vida num único pedaço de papel impresso. Encarava-o segurando com suas mãos trêmulas, visto com olhos embaçados. Mareados.
>> Não encontrava uma definição para toda aquela dor que despontava dentro do seu intimo em chamas à procura de um extintor. Com um único gesto, começou a rasgar a foto, a imagem de dias felizes que se encontram no passado, dias que cessaram. A vida chegara ao fim. Sentia a morte carregada de forças dentro de suas veias. Forças que usou para enfrentar outras dores, mas que no momento a triste certeza da morte usurpou. Um novo dia já estava despontando no horizonte. Ele se perguntou se voltaria a ver mais um amanhecer e deitou-se na areia, exausto, solitário. Num relâmpago em sua mente, percebeu que não poderia acabar daquela forma, ninguém padeceria de seu mal se continuasse ali, sentado. Foi então que se levantou e foi em direção a um lugar que sabia ser reconfortante e confiável para recomeçar. Entrou no mar e se deixou levar para onde ninguém mais o veria. Estava à salvo dos olhos do mundo.


[este é um texto antigo, mas é um dos melhores que já produzi]