quinta-feira, agosto 24, 2006

Sede


-Olha pra mim!
-To olhando.
-Não vê que eu te quero?
-...
-me beija, vai!
-não precisava pedir.

...

-Muito bom.
-(rs) também achei.
-To com sede, preciso de mais.

...

quinta-feira, agosto 17, 2006

A Gota D'água


Sentia que precisava de água. Estava há muito tempo sem beber. A sede tornou-se insuportável. Buscava mata-la. Desejou desesperadamente uma gota d’água. Seu corpo ficava fraco, frágil. Então o dia fechou, finalmente nuvens negras dominavam a paisagem. De claro o dia fez-se escuro, rapidamente. Bateu um frio, um vento forte. Animou-se. A esperança a tomava. Gotas de água logo cairiam e saciariam sua sede. Finalmente vieram. Tudo começou aos poucos. As primeiras foram imensamente refrescantes. Alívio. Sensações agradáveis que alimentavam sua alma, o seu corpo, suas raízes.

O dia continuava escuro e não havia sinal dos raios do sol. A chuva durou, foi longa. Saciou-a. A água continuou a correr e então ela cansou. Cansou de tanta água. Já estava alimentada. Passou a pedir que o mau tempo não durasse mais nem um minuto. Desejou não ter desejado durante tanto tempo, torcido tanto por isso. Desejou. Não queria mais beber, não precisava mais, mas ainda assim ela continuava a cair. Sentiu-se cansada, o alimento já havia sido bastante. O dia continuava ruim, as nuvens ainda pesavam no céu escuro. Não tinha mais fôlego para suportar. Morreu. Foi afogada pelo que lhe alimentava.

terça-feira, agosto 15, 2006

As Lições que devo tomar


Farei uma viagem com o objetivo de conhecer outras línguas. Uma nova didática para ampliar meu ABC. Embarcarei nessa jornada a procura de novas lições, em busca de coisas que jamais fiz, por opção ou pela simples falta dela.

Minha mala, ainda não fiz, mas já sei bem quais objetos devo levar, onde os guardar e o que devo ou não esquecer.

Estou disposto a traçar um caminho único, sem aceitar caronas. Vou trilhar na sorte meu próprio destino, ainda que eu seja incapaz de saber qual a força dele sobre a minha vida. A estrada será longa. E a minha lição... Ahhh.... As minhas lições serão imensas!

quinta-feira, agosto 10, 2006


“No começo da terra não existia o homem, no fim também não vai existir”. Lévi-Strauss

Apocalíptico, catastrófico. Uma frase de grandes sentidos que embala meus pensamentos até o mundo das idéias, um lugar onde o irracional torna-se real.

(...)

O mundo tomou seu rumo, não parou mais de girar. Elaborou um ciclo do qual o sol é o seu maior alimento, indiscutivelmente. Luzes, explosões, colisões, suposições sobre o nascimento do ser animal, origem da vida.

Um assunto banalmente discutido em sala de aula. A professora que proferiu essa profecia, talvez não tenha se dado conta do poder que ela causou em mim. Era uma frase solta no meio de tantas outras, mas que me chamou bastante atenção pela simplicidade de um pensamento complexo. Antagônico.

Um mistério trouxe nossa vida a essa terra, e como descartar a possibilidade de vida em tantos outros mundos? Talvez esse mistério nunca seja solucionado, continuaremos a acreditar em coisas das quais as explicações são feitas como buracos negros. Existem coisas inquietantes no mundo, é inegável que a morte faça parte da vida, mas será que não é a vida que passa a fazer parte da morte desde o primeiro ao ultimo suspiro? Meus pensamentos estão soltos... Como havia dito, no mundo das idéias!

Todo esse discurso era pra chegar no ponto de impacto: O homem caminha em uma corda bamba carregando em suas mãos uma grande bomba.

Reflita!!!

quarta-feira, agosto 09, 2006

O BURACO


Pela primeira vez seguia por aquele caminho. Nunca havia me sentido seguro para entrar naquele mundo, mas dessa vez era diferente. A diferença era que eu tinha você pra me acompanhar. Então, fui atrás da felicidade. Eu ainda sentia medo.

Um dia percebi que o céu estava escurecendo, mas você demonstrava segurança pelo caminho e eu... Eu me sentia seguro. Até que o meu pé afundou muito rápido e levou todo o meu corpo para dentro de um buraco, um buraco muito fundo. Caí numa armadilha. Lá dentro o meu corpo doía, sangrava e eu chorava. Estava caído torto, lentamente, tentei me adaptar ao espaço minúsculo daquele lugar. Foi então que percebi que estava sozinho. Afundei naquela armadilha, mas você não. Gritei o seu nome bem alto. O buraco era fundo. Gritei o seu nome ainda mais alto. O buraco parecia não ter fim. Minha voz não devia estar chegando à superfície, pensei. Então continuei a gritar uma, duas, três, muitas vezes. Tentativas frustradas, pois você não conseguia me escutar, assim eu pensava.

Escureceu e com a noite veio uma forte chuva, continuei sozinho, chorando e sangrando. Não sei o quanto de sangue derramei ou o quanto de lágrimas chorei, só sei que... Na verdade eu não sei. Eu seguia os seus passos e de repente não mais. Chorei. A força da chuva trouxe muita água que, misturada com a terra, o sangue e as lágrimas, virava lama. Era muito sujo lá dentro, não agüentava mais me sentir tão poluído, parecia que o buraco iria desmoronar sobre minha cabeça e dali eu não sairia mais nunca porque eu já me sentia fraco pra gritar, pra te chamar. Minha voz não conseguia sair, era um mudo preso num outro mundo.

Não sei por quanto tempo fiquei preso naquele abismo sombrio, onde a solidão e o frio foram os meus únicos companheiros, só sei que num certo dia percebi a claridade do sol tomar conta daquele buraco e nesse instante vi minhas chances de escalar aquela parede de terra com a ajuda de raízes das árvores próximas. Reuni minhas forças, as ultimas reservas de força que eu tinha e me agarrei nelas. Consegui sair. Sorri. Como era boa a sensação de voltar. Sorri cansado, exausto. Sei que meu rosto parecia aliviado porque sim, eu me sentia aliviado, a salvo. Como é importante ter raízes por perto, pensei. Elas são mais seguras e se você olhar bem verá que tem sempre uma perto de você pra ajudar, sem pedir nada em troca. No fim, voltei pelo mesmo caminho com muitas marcas, dentro e fora de mim...